quinta-feira, 17 de outubro de 2013

[Filme] "Raptadas" (2013)


Denis Villeneuve deixa a sua marca no cinema norte-americano ao realizar Raptadas, uma das maiores surpresas deste ano.

Após o rapto da sua filha, Keller Dove (Hugh Jackman) decide fazer justiça pelas próprias mãos e enfrenta Loki (Jake Gyllenhaal), o detective encarregue do caso. Ao ver que as decisões tomadas não são as mais correctas, Keller captura o principal suspeito que acredita ser responsável e começa a torturá-lo numa tentativa desesperada de descobrir o que realmente aconteceu.

O tema retratado não é fácil de absorver e isso pode causar alguma confusão aos espectadores mais sensíveis. Trata-se de um filme extremamente rico em questões morais que torna as acções dos personagens em verdadeiros actos questionáveis. Não existe o lado moralmente bom nem o lado mau, mas sim a face mais volátil do ser humano quando é colocado em situações de aperto. Estamos perante actos condenáveis mas o que se coloca em primeiro lugar é a lei da sobrevivência e o que faríamos para salvar um ente querido.

Denis Villeneuve arriscou na escolha do elenco mas a aposta está mais que ganha. 

Lê a crítica completa no Espalha-Factos - "Raptadas: A angústia é quase palpável"

8/10

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

[Filme] O capítulo final de Kubrick - Eyes Wide Shut [1999]

1999 é um ano importante para o cinema. Infelizmente, marcado de forma negativa. É no último ano dessa década de 90 que morre um dos maiores génios do cinema, o americano Stanley Kubrick. Mas não é disso que venho falar. 
O que me traz aqui é, precisamente, a última obra de Kubrick: "Eyes Wide Shut".



"Eyes Wide Shut" transporta para o grande ecrã o, então casal, Tom Cruise e Nicole Kidman. 
Alice (Nicole Kidman) é uma esposa que confessa ao Dr. William Harford (Tom Cruise), o marido, os seus desejos sexuais. Este, após saber das intenções e fantasias sexuais da sua mulher com outros homens, navega na sua própria aventura pelo mundo erótico, onde acaba por se envolver no inesperado. Entre uma orgia secreta e um suposto homicídio, mais estranhos acasos continuam a acontecer.
Todos estes sucessivos acontecimentos vão deixar o médico Harford uma pessoa completamente diferente. Afinal, quem não ficaria? Todo um casamento é modificado após uma confissão, que facilmente podia acontecer em qualquer relação nossa conhecida. É também este um dos pontos principais do filme, a forte ligação com a realidade. É o simples confessar da mulher que leva o homem a descobrir um mundo completamente novo, que talvez estivesse oprimido até aí, não por não querer ou não ter vontade de descobrir, mas porque consegue, de certo modo, realizar as suas fantasias com a mulher ou tem medo do fim do relacionamento.

"De olhos bem fechados" (tradução portuguesa) deixa-nos com algumas dúvidas sobre o que realmente aconteceu mas com a sensação de que não se podia pedir muito mais. Não sendo uma obra-prima é um filme muito bem conseguido. Uma apaixonante viagem de imagens expressivas envoltas num mistério incrível. 
Um fantástico ensaio psico-sexual sobre as relações humanas. Kubrick, como se esperava, a fechar em grande. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

[Cinema] O "pequeno" Gordon-Levitt

Embora não pareça, já conta com 32 anos e está aí com o seu primeiro grande filme como director. 

Além de ser um autêntico parte-corações de muitas raparigas, Levitt é, actualmente, um dos mais requisitados actores de Hollywood. Apesar de não contar com a experiência de um De Niro, tem já uma belíssima lista de bons filmes. E é disso que venho aqui falar: do jovem promissor que entrava em comédias românticas à estrela em ascensão. 

(uma nota aqui só para dizer que vou, obviamente, falar dos filmes que vi e penso serem os mais relevantes da carreira do Sr Levitt)

10 Things I Hate About You [1999] - A comédia romântica (em modo adolescente)

Ainda bastante jovem, Levitt é aqui um dos personagens principais desta comédia romântica. Apesar do protagonismo assentar sobre Heath Ledger (que faz o papel de Patrick Verona) e bela sua apaixonada Julia Stiles (no papel de Kat Stratford), o pequeno Joseph é um dos actores que merece mais atenção. 
Personagem simples e pouco trabalhada, com o sentido de humor natural de um adolescente, e sempre à espreita da sua oportunidade no amor enquanto ajuda Patrick na conquista da sua apaixonada.

Mysterious Skin [2004] - A promessa confirmada

Após alguns papéis mais relevantes, surge Mysterious Skin.
É o personagem principal, um rebelde sem saber que rumo dar à vida. Um jovem bem diferente daquele que conhecemos em "10 things I Hate About You". 
Acaba por ser um filme que demonstra um Gordon-Levitt mais maduro, mais ciente do que pode fazer. Versátil, percebemos que tanto pode ser o bom da fita como o vilão. É o filme que confirma a presença de uma jovem estrela. 
A destacar as cenas de carácter violento e muitas vezes sexual a que é sujeito. A mente e o corpo humano são postas à prova na personagem que interpreta (Neil), um rapaz que se sujeita a condições terríveis para conseguir dinheiro, mas que acaba por se perder sem ele próprio, talvez, ter a noção. 
Duro e real e a clara afimação de um actor pronto para outro tipo de filmes e outro tipo de visibilidade.

(500) Days of Summer [2009] - O cliché
De regresso ao campo do romance, mas desta vez num mood muito mais sério. 
A história de Tom e Summer já foi muitas vezes contada e vista, e eu também não me vou alongar. 
A verdade é que, em 2009, surge o filme que transporta Levitt para um outro patamar: é agora um novo ídolo com enormes fan-bases (na sua maioria raparigas). Isto tudo acabou por ter o seu lado positivo, mais reconhecimento e mais mérito chegaram facilmente. 
Tom é um rapaz que se apaixona por Summer (Zooey Deschanel) e o filme retrata a sua relação ao longo dos dias até ao seu final inesperado. Talvez por ser tão real é também tão adorado por tantos rapazes que se identificam com Tom.


No ano seguinte, em 2010, Joseph é seguramente uma estrela. É um dos protagonistas do filme do ano: Inception, de Christopher Nolan. 
E a partir daqui já todos sabemos a história. Os pápeis são escolhidos a dedo, "50/50 [2011]", "The Dark Knight Rises [2012]" e "Looper [2012]" são exemplos de que Levitt é, sem dúvidas, um dos actores do momento e sabe de forma exemplar dar rumo à sua carreira. 
2013 pode muito bem ser o ponto de viragem para outros campos: Don Jon [2013] é um filme escrito, dirigido e protagonizado por ele. Este ano pode nascer um novo Gordon-Levitt.
Em "The Dark Knight Rises", de 2012.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

[Filme] "The Place Beyond the Pines" (2012)

Uma bela surpresa!



"The Place Beyond the Pines" conta-nos a história de um motociclista (Ryan Gosling) que tenta corrigir os erros do passado aproximando-se da sua ex-namorada (Eva Mendes). No entanto, as suas acções acabam por resultar sempre em mais problemas. Numa das suas decisões mais imprudentes, acaba por traçar o fio que conduz o filme.

Sem querer alongar-me muito mais, até porque acabaria por estragar o vosso visionamento, o director Derek Cianfrance constrói uma história bastante coesa e cheia de surpresas. 

É também algo que demora a desenvolver e "pede" bastante atenção ao espectador. Um dos grandes trunfos desta longa-metragem reside no núcleo da acção. Geralmente, este género de filme agarra-se demasiado a uma personagem e acaba por se perder no meio da história. 
Felizmente, este não é o caso. O director preocupou-se mais com a construção das personagens do que focar-se simplesmente num ponto - como por exemplo, o plot principal.
Existem várias histórias que acabam por se interligar e decidem o destino de cada um dos personagens. Desta forma, as qualidades do elenco são aproveitadas sem nunca menosprezar ninguém nem prejudicar a história. Infelizmente, a segunda metade do filme perde um pouco da essência inicial e acaba por se tornar previsível. Quanto à prestação do elenco, apenas refiro que existe uma actuação soberba de um rapaz que participou no "Chronicle". Uma pequena nota ainda para a participação do Ray Liotta e outra performance sóbria do Ryan Gosling (mais uma para a caixa). O resto era esperado e não me surpreendeu tanto. 

"The Place Beyond the Pines" acaba por ser uma grande revelação. Utiliza cada segundo de uma forma interessante com uma cinematografia brilhante e uma sonoplastia muito agradável.
É um filme mais que recomendado para quem quer passar um bom bocado e merece uma segunda visualização para absorver todos os detalhes. 

8,5 / 10

sábado, 27 de abril de 2013

[Filme] "Homem de Ferro 3" (2013)



Por motivos de localização, tive de gastar 7.50 €  para ver esta longa-metragem, visto que só estavam disponíveis sessões em 3D, o que me fez torcer o nariz. Mas no final, saí da sala de cinema com um sorriso enorme no rosto e surpreendido pelo rumo que o novo director deu a este herói.

Após a invasão alienígena retratada nos "Vingadores", Tony Stark (Robert Downey Jr) sofre agora de ataques de ansiedade, impedindo-o de dormir em condições, e ocupa o seu tempo a tentar criar uma nova armadura sempre preocupado com Pepper Potts (Gwyneth Paltrow). Entretanto surgem duas novas ameaças: Um novo vilão (Ben Kingsley) que invade redes televisivas a anunciar os seus ataques terroristas e um cientista (Guy Pearce) que apresenta um avanço na medicina, EXTREMIS, um sistema de regeneração do corpo humano.


Shane Black preocupou-se em elaborar um filme mais completo que os anteriores, focando-se mais na dinâmica do elenco do que apenas criar algo com cenas de pancadaria sem qualquer tipo de fundamento.
Como sempre, Robert Downey Jr. carrega às costas o seu personagem de uma forma brilhante, sempre com o humor negro a que já estamos habituados. Este é talvez o filme, em que o actor está mais à vontade, o que proporciona diversos momentos divertidos e uma química muito boa com o elenco. 
Destaque também os personagens secundários, nomeadamente James Rhodes (interpretado por Don Cheadle), que apresentou pela primeira vez, um aprofundamento da amizade com Tony Stark, o que proporciona um sentimento de personagens consistentes e não simples pedaços de cartão. Existem algumas pequenas surpresas no decorrer da ação e uma actuação surpreendente de Ty Simpkins, um rapaz do Tennessee.
Ao longo do filme, existem várias referências aos elementos dos "Vingadores", como por exemplo "O martelo que caiu do céu", o que resulta numa espécie de dinâmica muito boa com o que se passa no universo da Marvel. Percebe-se claramente que o director Joss Whedon, deu algumas dicas a Shane Black, e os fãs agradecem.


Os maus da fita estão muito bem apresentados. Aldrich Killian (Guy Pearce), apresenta motivos  plausíveis para se querer vingar de Tony e justifica a aposta. Ben Kinglsey como Mandarim, é um assunto completamente diferente. Nem todos vão gostar de algumas mudanças que foram feitas à volta do Mandarim e percebo bem porquê. Sem querer alongar-me muito, digamos que nem tudo é o que parece e que existe uma ligação entre todos os acontecimentos, o que altera o curso da trama várias vezes.
No entanto, existem alguns problemas a apontar: A personagem Maya, interpretada por Rebecca Hall, foi a grande sacrificada e senti que estava deslocada em relação ao roteiro do filme. Podia ter sido melhor aproveitada. 

Enorme destaque para as cenas de acção, que estão espectaculares e bastante agradáveis à vista ao contrário de outros filmes do mesmo género.. (Sim, Michael Bay estou a olhar para ti). Fiquei também bastante contente com a nova banda sonora. Eleva a longa-metragem a outro nível e complementa a acção.

"Homem de Ferro 3" apresenta-se como o melhor filme da trilogia e que inicia a Phase Two da Marvel com o pé direito. Mais que recomendado para fãs de BD's e que adoram um bom espectáculo visual, cheio de reviravoltas e personagens com carácter. Venha daí os "Vingadores 2" que eu já estou ansioso..

8/10

domingo, 10 de março de 2013

[Filme] "O Lado Selvagem" (2007)

Vi este filme há 24 horas atrás e ainda não digeri bem a sua mensagem. Falta-me a capacidade para exprimir aquilo que mais me impressionou e chocou emocionalmente. Aqui fica a décima tentativa....


Baseado numa história verídica, "O Lado Selvagem" conta-nos a história de Chris McCandless (interpretado por Emile Hirsch) que após acabar o seu curso, abandona a sua identidade, decide doar 25 mil euros a uma instituição de caridade e parte numa viagem emocionante para acabar com os fantasmas que assolam a sua alma. Pelo caminho, sem que este se aperceba, deixa uma marca profunda em todos os que interagem consigo e uma saudade difícil de explicar.
Chris é um rapaz diferente e é isso que o torna tão especial. O materialismo não lhe desperta interesse, as relações humanas são meramente passageiras e o seu amor é a Natureza. Determinado em encontrar a paz interior, decide embrenhar-se no meio de uma floresta, com uma mochila às costas e pouca experiência, de forma a tentar perceber o mistério do nosso mundo. 

O meu conselho é que leiam primeiro o livro e só depois vejam o filme. É bastante fiel à obra de Jon e consegue acrescentar pequenos detalhes que vos vão deixar surpreendidos. Cada paisagem representa páginas de descrição dos locais que Chris visitou e os diálogos são idênticos aos do livro.
O elo que existe neste filme é magnífico. O enredo adaptado da obra escrita por Jon Krakauer, o filme realizado por Sean Penn e a banda sonora envolvente de Eddie Vedder fazem com que "O Lado Selvagem" assuma uma mensagem dramática e provoque no espectador, um enorme sentimento de culpa. 

Fiquei preso à cumplicidade de Chris e à visão rebelde que este tem sobre a civilização. Ter um emprego é uma invenção do século XX, usar meias é uma obrigação educacional, o mundo cospe naqueles que desafiam as suas regras e os sentimentos de auto-realização são extremamente complicados e levam à tragédia. É um murro no estômago repentino que nos deixa a reflectir sobre o nosso propósito na sociedade e o que podemos fazer para alterar o que está errado.
Faz-me pensar o que poderia ter acontecido se tivesse existido uma maior preparação e atenção aos pequenos pormenores e de que forma poderiam ter alterado o desfecho desta história.

Um filme que aprofunda o estudo sobre os fundamentos da vida e deixa a questão: Devemos realizar a nossa existência em redor do conforto do materialismo ou arriscar viver fora da sociedade e apenas com o que a natureza nos fornece?

9/10

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

[Filme] Stranger Than Fiction (2006)


Will Ferrell (no papel de Harold Crick) é aqui, ao contrário do que estamos habituados, um homem sério e perdido na sua vida. Tem como profissão cobrar impostos, o que faz com que seja odiado por muitos, e que o próprio acabe, por vezes, por si odiar a si mesmo.
A rotina que enfrenta, dia após dia, faz parecer que Harold é apenas mais um cidadão no meio da imensa multidão. E aqui aparece o ponto chave do filme. A verdade é que Harold não é mais um comum cidadão (ou será?) e descobre que a sua vida está a ser narrada por uma voz que aparece no interior da sua cabeça.

Ao saber que é uma personagem na história de alguém, Harold vai procurar ajuda junto de um professor de letras (papel interpretado por Dustin Hoffman), na esperança de perceber melhor o que se está a passar e na tentativa de descobrir quem está realmente a narrar a sua vida.

O filme acaba por deixar uma mensagem sobre a vida e morte, embora indirectamente. A efemeridade da vida, o vazio em que ela se pode tornar, são pontos que passam como mensagem para o espectador mais atento. E é de pormenores que este filme é feito, por isso é necessária atenção para a sua compreensão.

Um filme original, interessante, com um argumento diferente do que se costuma ver. 
Na verdade, somos apenas personagens nesta história contada por alguém.