Pela primeira vez no blog, decidimos recordar o melhor de 2013 numa espécie de lista onde reina a preferência pessoal em detrimento de sites especializados (IMDB, RottenTomatoes, Metacritic) e a opinião dos críticos mais influentes. (Aviso: A lista não tem uma ordem específica)
P.S - Infelizmente não consegui ver Inside Llewyn Davis (A Propósito de Llewyn Davis) dos irmãos Coen.
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Jagten/A Caça de
Thomas Vinterberg
"Após um duro divórcio, Lucas, de 40 anos, tem uma nova
namorada, um novo emprego e está a conseguir reestabelecer os laços com o filho
adolescente, Marcus. De repente, é o caos. Um pequeno comentário. Uma mentira
ao acaso.
Quando a neve cai e as luzes de Natal se acendem, o boato já
se espalhou como um vírus invisível. O choque e a desconfiança ficam fora de
controlo e a pequena comunidade entra num súbito estado de histeria, enquanto
Lucas inicia um combate solitário pela dignidade e pela vida."
A Caça é uma obra cinematográfica brilhante, poderosa e realista que demonstra o poder cru de uma mentira na sociedade. Thomas Vinterberg não tem medo de inquietar o espectador, retratando a crueldade dos seres humanos face a temas polémicos e permite que Madds Mikkelsen alcance uma das grandes interpretações da sua carreira. Sublime em todos os aspectos.
Prisoners (Raptadas) de
Dennis Villeneuve
"Keller Dover (Hugh Jackman) é um carpinteiro que vive
pacatamente numa pequena cidade quando a filha e a melhor amiga desaparecem. A polícia não consegue descobrir o paradadeiro das duas
adolescentes e Keller decide raptar o homem que considera o principal suspeito. No caminho vai cruzar-se com o detetive Loki (Jake
Gyllhenhaal) destacado para o caso."
Raptadas é um thriller tenso e extremamente rico em questões morais que torna as acções dos personagens em verdadeiros actos questionáveis. Arrisco-me a dizer que é um dos filhos que resulta da junção do Se7en com o Silêncio dos Inocentes.
Place Beyond the Pines (Como um Trovão) de Derek Cianfrance
"Luke (Ryan Gosling de "Drive" e "Os Idos de
Março") ganha a vida a viajar de cidade em cidade, a fazer proezas em cima
de uma moto. Ao passar pela pequena localidade de Schenectady, tenta retomar o
contacto com uma antiga amante, Romina (Eva Mendes), apenas para descobrir que,
no tempo em que estiveram separados, ela teve Jason, o filho de ambos. Luke decide deixar a vida na estrada e arranja um emprego
como mecânico que lhe permita sustentar a sua nova família. O seu patrão Robin
(Ben Mendelsohn) descobre os talentos de Luke como motociclista e propõe-lhe
que se dediquem a assaltar bancos."
Uma teia de vários enredos que se cruzam devido a uma decisão imprudente de um dos personagens. É um filme com uma cinematografia excepcional apoiado por um elenco de luxo que nunca menospreza ninguém. Uma "jóia" que passou despercebida a muita gente.
Django Unchained (Django Libertado) de
Quentin Tarantino
"No Sul dos Estados Unidos da América, dois anos antes da
Guerra Civil, Django (Jamie Foxx) é um escravo com um passado de violência às
mãos dos seus proprietários. O Dr. King Schultz (Christoph Waltz), um caçador de
prémios de origem alemã precisa da ajuda de Django para capturar os perigosos
irmãos Brittle e compra-o com a promessa de o libertar assim que receber o
dinheiro pela captura dos criminosos. No entanto, após o sucesso da missão, os
dois decidem não se separar. Schultz torna-se mentor de Django e os dois
percorrem o Sul perseguindo os fora da lei. Mas Django só tem um objetivo em
mente: salvar a sua mulher, Broomhilda (Kerry Washington)."
Tarantino imprime a sua marca com muita polémica (o prato do dia) num Western espectacular.
La Vie d'Adèle: Chapitres 1 et 2 (A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2) de
Abdellatif Kechiche
"Aos 15 anos, Adèle tem duas certezas: é uma menina, e uma
menina sai com os meninos. Mas no dia em que vê o cabelo azul de Emma, na praça
principal, ela sente que sua vida vai mudar. Sozinha com seus problemas de
adolescente, ela transforma o olhar sobre si mesmo e o modo como os outros
olham para ele. Graças ao seu amor por Emma, ela amadurece enquanto mulher e
adulta. Mas Adèle não é capaz de fazer as pazes, nem com os seus pais, nem com
este mundo cheio de morais absurdas, nem consigo própria."
Extremamente erótico, controverso e belo.
The Master (O Mentor) de Paul Thomas Anderson
"Nos anos 50, um intelectual carismático (Philip Seymour
Hoffman) lança uma nova organização religiosa. Conhecido como "O Mestre", transforma um jovem
vagabundo (Joaquin Phoenix) no seu braço direito. Mas à medida que a igreja
começa a ganhar seguidores e peso nos EUA, o jovem começa a questionar a crença
que abraçou e a duvidar do seu mentor."
Paul Thomas Anderson continua a dividir opiniões, como já é habitual, mas é quase impossível não apreciar esta película. Fantástico.
Frances Ha de Noah
Baumbach
"Frances vive em Nova Iorque, mas não tem apartamento. Estuda
numa companhia de dança, mas não é bailarina. A sua melhor amiga é Sophie, mas
as duas não se falam. Frances atira-se de cabeça em perseguição dos seus sonhos,
mesmo quando a possibilidade de alguma vez se concretizarem diminui a cada
segundo."
Uma pequena pérola a preto e branco.
Only God Forgives (Só Deus Perdoa) de Nicholas Windingn Refn
"Julien (Ryan Gosling) gere um clube de boxe tailandês em
Banguecoque como fachada para um negócio familiar de contrabando de droga,
quando a sua mãe Jenna (Kristin Scott Thomas) o obriga a perseguir e matar o
responsável pelo recente assassinato do irmão."
Uma longa-metragem artística e difícil de digerir bem ao estilo de Refn.
Trance (Transe) de Danny Boyle
"Simon (James McAvoy), um leiloeiro de arte, junta-se a um
grupo de criminosos para roubar uma obra de arte no valor de milhões de
dólares, mas, depois de sofrer uma pancada na cabeça durante o assalto, acorda
para descobrir que não tem nenhuma memória sobre onde escondeu a pintura. Quando as ameaças físicas e tortura não produzem respostas,
o líder do grupo Franck (Vincent Cassel) contrata a hipnoterapeuta Elizabeth
Lamb (Rosario Dawson) para explorar os recantos mais sombrios da mente de
Simon.
Conforme ela penetra no seu subconsciente , os riscos
tornam-se mais elevados e as fronteiras entre realidade, desejo e sugestão
hipnótica começam a diluir-se e desaparecem."
Uma viagem alucinante de Danny Boyle. Prevísivel mas merece os 101 minutos.
About Time (Dá tempo ao tempo) de
Richard Curtis
"Após uma festa de Ano Novo pouco interessante, o jovem Tim
Lake descobre que consegue viajar no tempo. Tim não tem o poder de alterar a história, mas consegue
conduzir o que sucede na sua vida. Por isso, decide arranjar uma namorada.
Infelizmente, o romance com recurso a viagens no tempo é tão complicado como
parece..."
O
realizador Richard Curtis regressa ao grande ecrã com Dá Tempo ao Tempo, uma
comédia romântica sobre viagens no tempo que acaba por se tornar numa grande
lição de moral. Um filme inteligente que tenta quebrar os clichés das comédias
românticas. O que começa por ser apenas mais uma história de amor, acaba por se
tornar numa lição de vida e numa grande narrativa familiar.
Silver Linings Playbook (Guia para um final feliz) de David O. Russell
"Após ter passado oito meses num hospital para doentes
mentais, um antigo professor volta a viver em casa da mãe, enquanto tenta
reconciliar-se com a ex-mulher. Pat Solatano (Bradley Cooper) perdeu tudo - a casa, o emprego, a mulher. Está
determinado a reconstruir a vida, ser positivo e fazer as pazes com a mulher. É
então que conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), que enviuvou recentemente. Tiffany oferece-se para ajudá-lo a retomar a ligação com a
mulher, mas pede algo em troca."
Triple Threat: Cómico, inteligente e dramático. Ganha protagonismo com a cumplicidade entre Jennifer Lawrence e Bradley Cooper.
A Gaiola Dourada de
Rúben Alves
"José e Maria Ribeiro (Joaquim de Almeida e Rita Blanco) residem em Paris há 30 anos sem nunca esquecer a ternura de Portugal. Estão tão integrados na sociedade que, no dia em que surge a possibilidade de concretizarem o sonho das suas vidas - regressar a Portugal, ninguém os quer deixar partir. Até onde serão capazes de ir a sua família, os seus amigos e vizinhos e, até mesmo, os patrões, para não os deixarem partir?"
A cultura Portuguesa está muito bem representada neste filme. Temos futebol (Benfica e Selecção Nacional estão em todo o lado!) , o célebre bacalhau, os palavrões em excesso (que arrancam muitas gargalhadas), os estereótipos mais conhecidos - como os cuscos lá da terrinha ou os preguiçosos que ficam o dia todo no sofá a beber cerveja, e o fado. Tudo isto, aliado ao tema principal da história, cria um ambiente acolhedor para o espectador. Facilmente se consegue identificar as personagens na nossa família. É um retrato perfeito.
Pacific Rim de
Guilermo del Toro
"Durante anos, pensámos que a ameaça extraterrestre viria do
espaço, mas acabou por surgir do interior da própria Terra. Legiões de criaturas monstruosas, conhecidas como Kaiju
surgiram do mar e iniciaram vários ataques demolidores às maiores metrópoles do
planeta. Começa então uma guerra que tira milhões de vidas e consome os
recursos da Humanidade por vários anos.
Para combater os invasores é criado um novo tipo de arma:
gigantescos robots designados como Jaegers e controlados simultaneamente por
dois pilotos."
Não esperem um grande enredo nem performances magníficas. Pacific Rim resume-se em Godzillas contra Transformers no meio do mar mas destaca-se pela forma como demonstra os confrontos épicos e pela versatilidade de Guillermo del Toro. Quase perfeito a nível técnico.
42 de Brian Helgeland
"A história de Jackie Robinson, o lendário jogador de basebol
que se tornou no primeiro negro a fazer parte de uma equipa da Major League ao
integrar o plantel dos Brooklyn Dodges."
Destaco
o regresso de Harrison Ford, que finalmente volta a interpretar uma personagem
com relevo e carisma num dos melhores filmes de desporto dos últimos anos.
World's End (É o fim do Mundo) de
Edgar Wright
"Duas décadas após uma épica corrida pelos bares, cinco
amigos de infãncia reúnem-se para reeditar o acontecimento. Desta vez, o
objetivo é chegar a um mítico pub chamado The World's End.
Enquanto discutem memórias do passado e os problemas do
presente, apercebem-se de que estão envolvidos numa inesperada luta para salvar
a humanidade."
A conclusão da Trilogia Cornetto. Simon Pegg e Nick Frost continuam fantásticos, o elenco secundário está recheado de nomes sonantes e até existe tempo para uma homenagem ao filme Invasion of the Body Snatchers.
Tian Zhu Ding (
China - Um Toque de Pecado) de
Zhang Ke Jia
"Quatro pessoas, quatro províncias. Uma reflexão sobre a
China contemporânea: um gigante económico que lentamente vai sendo minado pela
violência."
Um retrato absorvente. Ver para crer.
Blue Jasmine de Woody Allen
"Uma mulher (Cate Blanchett) muda-se de Nova Iorque para São
Francisco para restabelecer a normalidade na sua vida após um processo de
divórcio atribulado."
O magnífico regresso de Woody Allen ao grande ecrã apoiado pela tenacidade assombrosa de Cate Blanchet.
Fast & Furious 6 (Velocidade Furiosa 6) de Justin Lin
"O grupo de Dom (Vin Diesel) e Brian (Paul Walker),
espalhou-se pelo globo após o golpe no Rio de Janeiro que rendeu 100 milhões de
dólares. Mas a impossibilidade de regressar a casa e o facto de estarem sempre
em fuga deixa-os com uma amarga sensação.
Entretanto, Hobbs (Dwayne Johnson) persegue uma organização
de mortíferos condutores mercenários por 12 países."
Sabemos que as peripécias desta franchise são impossíveis de fazer na vida real mas Justin Lin aproveita-se desse facto e cria uma fita ridiculamente estonteante. O cinema também precisa disto.
Captain Philips (Capitão Philips) de Paul Greengrass
"Baseado na história real do Capitão Richard Phillips (Tom
Hanks) e da tomada do navio cargueiro norte-americano MV Maersk Alabama por
piratas somalis, em 2009, o primeiro assalto a um navio de carga em 200 anos.
O filme foca-se, principalmente, na relação entre o
comandante do navio e Muse (Barkhad Abdi), o chefe dos piratas que o faz refém.
Numa tensa viagem ao largo da costa da Somália, os dois
homens vão ver-se perante forças e acontecimentos que não conseguem controlar."
Facilmente comparado a um documentário televisivo, Captain Philips é uma longa-metragem que deve muito à prestação inesquecível de Tom Hanks.
Lore
de Cate Shortland
"Primavera de 1945. A resistência alemã colapsa e as forças
Aliadas avançam.
Após a prisão do seus pais por ligações ao nazismo, Lore
leva os irmãos numa viagem através da Alemanha devastada pela guerra.
Entre o caos encontram Thomas, um misterioso refugiado
judeu. Para viver, Lore terá agora de confiar numa pessoa que foi ensinada a
odiar."
Uma
película extremamente depressiva e perturbadora sobre o Nazismo.
The
Hobbit: The Desolation of Smaug (O Hobbit: A Desolação de Smaug) de Peter Jackson
"O
segundo capítulo da trilogia de Hobbit continua as aventuras de Bilbo Baggins e
companhia que procuram reconquistar a Montanha Solitária e o reino perdido de
Erebor."
Outro épico de Peter Jackson sobre o mundo criado por Tolkien. Nota-se uma melhoria em relação ao filme anterior mas percebe-se também que a fórmula está a começar a ficar gasta. Esperemos que o capítulo final encerre a trilogia com chave de Ouro.