quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

[Filme] Filth (2013)



"1. Sociopata – Alguém incapaz de se enquadrar nas normas da sociedade, tem habilidade para enganar pessoas, é extremamente egoísta, não se envergonha dos seus actos, não sente necessidade de melhorar porque não acredita estar errado; não sente culpa nem se arrepende dos seus actos, é geralmente maldoso e teatraliza sentimentos para impressionar os outros."

Sim sim, tirei a ideia do Pulp Fiction. Mas aos cinco minutos de filme, é nisto que revemos o detective Bruce Robertson.


Jon S. Baird não é propriamente um novato no cinema, tendo já produzido vários filmes – dos quais destaco Green Street Hooligans – e adaptado e realizado dois – Cass em 2008 e Filth de que falamos hoje. Um tema presente nos seus filmes é claramente a violência e a linguagem forte, longe de ser politicamente correcta.
Filth é, em linhas gerais, uma montanha russa entre “porrada”, “palavrões”, sexo, álcool e muita droga, aliada a uma vertente humana que começa por ser subtil mas que vai ganhando maior dimensão. A agressividade constante e o desempenho de peso de James McAvoy - que está longe de ser um actor inexperiente, mas que se destaca certamente neste filme – são o que nos deixa completamente agarrados ao ecrã do princípio ao fim.

A narrativa centra-se no sargento Bruce Robertson (James McAvoy), um detective corrupto, manipulador, intriguista e interesseiro que passa os seus dias a beber, consumir drogas e a ter sexo com prostitutas ou mesmo com as mulheres dos seus supostos melhores amigos. O seu objectivo é manipular o seu caminho até ao cargo de inspector (promoção que o seu chefe prometeu atribuir em breve a um dos sargentos) tanto para ganho pessoal como para impressionar a sua mulher Carole. Para isso usa o que chama “os jogos”, esquemas desonestos que dirige aos seus colegas, alguns deles supostos amigos de Bruce, para que estes não lhe passem à frente na corrida a inspector (dos quais destaco Jamie Bell (Ray Lennox) e Eddie Marsan (Bladesey) pelo seu excelente desempenho).


Conseguimos perceber desde o início que algo não está bem com o detective e que este sofre de problemas mentais, tendo constantes alucinações ao longo da narrativa – que só vão piorando, acompanhando a deterioração do mesmo. Percebemos ainda que este terá sofrido uma experiência traumática, pelas suas visitas ao Dr. Rossi (Jim Broadbent) que também faz aqui um papelão apresentando um novo nível de excentricidade ao filme. No meio dos muitos golpes baixos do detective, de uma aparente apatia e de muitas características de sociopata, tudo o que conseguimos fazer é rir descontroladamente. Mas esse mood não se mantém.

Tanto pela narrativa como pela performance de McAvoy (que é sem dúvida responsável pela forma crua e unapologetic como a acção chega até nós), somos obrigados a sentir todo o tipo de emoções – alegria, tristeza, desconforto, adrenalina, you name it. Não quero contar mais sobre o filme porque acho que isso ia estragar a experiência, mas digo isto: está cheio de surpresas, nunca se torna aborrecido e deixa-nos sempre a querer mais. Não é de todo uma experiência que tenhamos todos os dias, com qualquer filme que apanhemos por aí – Filth traz algo de novo e desperta em nós algo de que não estamos à espera (ou pelo menos eu não estava, quando comecei a ver o filme). Até os créditos finais estão engraçados.

Estou farta dos rios de filmes politicamente correctos e profundos, que supostamente conseguem extrair de nós qualquer tipo de conclusão filosófica que mudará a nossa vida para sempre, assim como estou farta dos – ainda maiores – rios de filmes em que há a tal “porrada” para entretenimento, desprovida de qualquer tipo de inteligência ou de uma vertente humana. Filth é o exemplo perfeito de que não tem que haver um compromisso entre uma coisa ou outra, é bem possível termos as duas. É pena que o filme não esteja a ter grande visibilidade e que a distribuição do mesmo não tenha sido a 100% (apesar de tudo, é uma produção Britânica e falta-lhe o impulso de Hollywood), no entanto espero que a sua qualidade seja suficiente para o fazer chegar ao grande número de pessoas que merece. Recomendo.


 8/10



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

[Filme] The King of Comedy (1983)


Mais de meia década depois do bem sucedido “Taxi Driver” ter juntado Martin Scorsese e Robert de Niro numa das suas mais marcantes personagens, surge “The King of Comedy”, um filme que em pouco ou nada é semelhante à longa metragem de 1976 mas que mantém algumas linhas habituais do realizador norte-americano.
Em “The King of comedy”, Martin Scorsese volta a usar a crítica à sociedade, desta feita pela mão de uma personagem obcecada pela fama, na sua luta por um objetivo: ser o Rei da Comédia.

Rupert Pupkin (Robert de Niro), é um aspirante a comediante (com uma auto-estima bastante elevada, diga-se) que tenta por todos os caminhos possíveis atingir a fama do seu ídolo Jerry Langford (Jerry Lewis). Ao ver constantemente negada a hipótese de falar com Jerry acerca de uma ajuda para entrar no ramo, Rupert tenta romper no stand-up comedy por outros meios, um pouco mais agressivos. Para isso, conta com a ajuda de Masha (Sandra Bernhard), uma fã louca e excessivamente obcecada por Jerry Langford. Dois loucos, ele com o sonho de ter o seu próprio show na televisão nacional, e ela com o único desejo de ter a seu lado o seu ídolo, Jerry


Isto pode parecer que resulta num filme engraçado, e o título até indicar para isso mesmo, mas esta é uma longa-metragem sobre comédia que não faz (nem pretende fazer) rir. É um filme que nos deixa impacientes, por vezes com uma certa “raiva” derivada do facto da personagem principal ser constantemente rejeitada mas não aceitar isso. Uma atitude tão persistente que acaba por parecer masoquista. Para quem já assistiu a outros filmes de Martin Scorsese, é normal que sinta estranho o ritmo monótono e quase aborrecido do filme e falta de uma "explosão" de acontecimentos. Na verdade, “The King of Comedy” não tem a tal explosão que tem por exemplo “Taxi Driver” a certo ponto ou o ritmo alucinante do recente “The Wolf of Wall Street” ou até o mistério que envolve “Shutter Island”.
Quem vê hoje este filme de Scorsese, vê em certos momentos o seu cunho pessoal (na tal crítica à obsessão) mas na maior parte do filme isso passa até despercebido. Como já devem ter percebido, “The King of Comedy” não é propriamente agradável de se ver, chega a tornar-se aborrecido e angustiante em determinados momentos, mas é uma obra interessante que retrata um universo complicado e não menos difícil de entrar e permanecer que o cinema ou a música.


Better to be king for a night than schmuck for a lifetime” é a tagline deixada pelo protagonista no fim do filme, que entrega ao personagem uma certa razão e nos faz questionar se faz falta a cada um de nós uma injecção de rebeldia e desvergonha (das que Rupert tinha em demasia).
O que vale mais, arriscar tudo por 5 minutos no topo ou manter uma vida calma, sem grandes sobressaltos e erros, mas também, sem o prazer/sonho de uma vida?


7/10

domingo, 19 de janeiro de 2014

[Filme] Fruitvale Station (2013)


Fruitvale Station começa de forma polémica, com a exposição de um vídeo amador gravado numa estação de comboios, onde é demonstrado a força bruta e excessiva de alguns polícias numa situação aparentemente controlada. No meio dos gritos abafados, a imagem vai desvanecendo e existe o chamado "cut to black".

O realizador do filme consegue captar a atenção do espectador logo nos primeiros segundos ao mostrar a real footage e depois deixa-nos a pensar no que aconteceu, enquanto a imagem vai desaparecendo, agarrando-nos de imediato à longa-metragem. A verdade é que só saberemos o que realmente aconteceu naquela estação de comboio no clímax do filme e o realizador opta por contar um pouco da vida de Óscar Grant. Confesso que já tinha lido qualquer coisa na internet sobre os acontecimentos na estação de Fruitvale mas nem isso me estragou a experiência porque a acção não se prende à premissa principal e acaba por ser bastante interessante durante a primeira meia hora, assumindo a forma de um caso de estudo. Desde o início percebemos que algo vai correr mal, só não sabemos o quê. Em certos momentos, a música fica tensa e o ambiente torna-se inseguro. Esta exposição dura breves segundos e serve para acabar com a ilusão de que está tudo bem.


Óscar Grant, tem 22 anos e vive na Califórnia. No dia 31 de Dezembro de 2008, Óscar acorda e e percebe que tem de mudar a sua vida. Tem de deixar os actos irresponsáveis e agarrar-se aquilo que realmente importa - a família. É véspera de Ano Novo e este já tem a sua resolução feita: Tentar ser um pai presente e um bom filho. Somos então imersos na vida de Óscar e a forma como este tenta recuperar o que fez mal. Mas o mais interessante é o facto do realizador Ryan Coogler, um novato nestas andanças, fazer o retrato de Óscar de uma forma imperfeita e humilde. Nós sabemos que ele teve problemas graves, que nem sempre tomou as decisões mais correctas mas sentimos compaixão e o nervosismo miudinho de Óscar. No fundo, queremos que ele comece a ser responsável e acabamos por torcer para que isso aconteça. Este sentimento agrava-se quando vemos Óscar com a filha devido à relação de simplicidade e ternura entre os dois.



Mas o verdadeiro trunfo do filme reside na actuação de Michael B.Jordan que parece criar uma balança emocional perfeita. É como se o actor tivesse nascido para fazer este filme. Michael nunca exagera no retrato de Óscar, assume o papel de pai de uma forma óptima e demonstra o filho problemático que está a tentar pegar nos cacos da vida. Para quem vê a série The Wire, pode não esperar muito deste actor mas é uma grande surpresa. Com certeza que irá ter mais papéis após esta performance. Nos papéis secundários destaco a presença de Octavia Spencer, uma veterana em Hollywood, e interpreta a mãe de Óscar. Como realizador, apostaria quase sempre em Octavia porque faz sempre papéis simples mas acrescenta drama e sentimento. Quem não se recorda de Minny Jackson do filme "As Serviçais"?

Frutivale Station apenas peca por não poder sair do estatuto de história verídica e explorar temas mais profundos sobre a discriminação racial. Tem de seguir a estrutura dos acontecimentos e ainda acrescenta um pouco da vida de Óscar para seguir um ritmo balanceado, por isso, acaba por ser uma boa aposta para a primeira longa-metragem de Ryan Coogler.

7,5/10

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

[Filme] Don Jon (2013)

Já aqui falei da evolução da carreira de Joseph Gordon-Levitt que, surpreendentemente, não pára de crescer.
O ano passado foi o escolhido, pelo próprio, para iniciar de forma mais séria, o seu papel no outro lado da câmara: como produtor, escritor, realizador.
Em Don Jon, consegue juntar a tudo isto o facto de ser o protagonista do filme, ao lado de uma não tão bela como habitual, Scarlett Johansson.


Don Jon é daqueles filmes que usam os (maus) hábitos que temos (não se sintam ofendidos) para fazer disso o ponto principal da história, através da sátira.
Gordon-Levitt é Jon (ou Johnny, para os amigos) e desde o início da longa-metragem que admite ser viciado em pornografia. É, aliás, na cena introdutória do filme que faz essa confissão.
Os hábitos de Jon são até bastante comuns: vai à Igreja ao Domingo; gosta de ir à discoteca com os amigos engatar umas miúdas (dorme com muitas delas); frequenta assiduamente o ginásio para manter a forma, etc. Contudo, numa das suas famosas saídas à noite e numa conversa com os amigos Bobby e Danny, descobre que ainda lhe falta um feito na sua extensa lista de mulheres que conseguiu levar para a cama: uma rapariga que alcance um 10 na escala elaborada por homens e que relaciona a beleza feminina com o corpo atraente (nada de muito científico, como sabemos). É precisamente nessa noite que surge Barbara (Scarlett Johansson): a perfeição de cara e corpo, o 10!
Como com todas as outras raparigas que conhece na noite, Jon tenta levar Barbara para um love affair de apenas uma noite. Infelizmente (ou felizmente), não é isso que acontece. Barbara é das “complicadas” e quer uma coisa mais séria. Acabam por traçar uma história que contrasta o amor que Jon nutre pela namorada e o seu vício na pornografia. Ela, como namorada que se preze, não gosta que após fazerem sexo o namorado ainda sinta necessidade de ver umas atrizes aos saltos.



O filme baseia-se principalmente na sátira ao mundo masculino, com especial incidência na pornografia (não o ato em que é feita, mas a sua visualização) e no que daí pode advir. Um viciado em pornografia que, paradoxalmente, tem várias mulheres na sua vida e mesmo assim prefere o pequeno ecrã do seu portátil.
Até que ponto um addicted em pornografia consegue ser um homem saudável e manter uma vida normal? Não sei. Nem pretendo saber. Mas sei que nesta primeira grande experiência a solo, Levitt não falhou. O menino bonito fez de engatatão de ginásio, daqueles que vestem manga cava em demasia, metem, em porções igualmente exageradas, gel no cabelo, e são obcecados por músculos. Scarlett é também ela uma mulher completamente diferente. É a menina bonita do ghetto que masca pastilha de boca aberta em todas as cenas do filme. Ambos representam, e bem, uma grande fatia da sociedade em que vivemos: o casal que muitas vezes apanhamos aos beijos no lugar mais escondido da rua, ou até nos corredores da escola/faculdade/local de trabalho. O filme conta ainda com a presença da experiente Julianne Moore (Esther), que acaba por ter um papel importante na vida de Jon e na batalha contra o seu vício. 



Em suma, é uma bela estreia atrás da câmara, que marca o boom geral de Gordon-Levitt. Podia ser melhor? Podia. Está mau? Longe disso. É para continuar, Joseph.


7/10

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

[Filme] Wolf of Wall Street (2014)


Bebam café. Repitam o processo mais três vezes. Agora metam o dobro do açúcar e experimentem ouvir a música mais épica que conhecem (Aqui entre nós, o protagonista consome muitas drogas mas o blog não apoia esse tipo de comportamento. Contudo, o efeito é mesmo esse. Altas doses de cocaína e heroína). Repitam o processo mais duas vezes até cair para o lado. "Wolf of Wall Street" é isto e muito mais. O filme não pára. Não tem pausas. Um único momento morto. Está em constante movimento. Até os figurantes dão o litro.... É impressionante.

Muitas das cenas são over the top, passam o limite do razoável mas nunca perdem o tino do enredo. E surpreendementemente, nós queremos mais. Queremos mais excessos e mais rebeldia do Jordan Belfort. Cada discurso equivale a uma dose de adrenalina. E só temos de agradecer a Leonardo DiCaprio por ter feito um trabalho tão bom. Até fico a pensar como é que ele aguentava este ritmo diariamente durante as gravações do filme.


Mas falemos do filme. Jordan Belfort é um corrector da bolsa que se perde no mundo dos negócios devido à vida extravagante que leva. Drogas, sexo, esbanjar dinheiro sem dar por isso - o típico Sonho Americano. Num minuto está numa reunião importante e noutro está a apanhar uma moca com valliums. Sinceramente nem sei como é que este tipo está vivo. (Sim, isto é baseado numa história verídica).
Sem querer contar mais sobre o enredo, porque o filme é um ciclo, Jordan cria um império à custa dos outros. E eventualmente as coisas começam a tornar-se demasiado pomposas, sempre com mais luxúria e problemas à mistura. Jordan torna-se no Lobo de Wall Street, uma criatura que não olha a meios para atingir os fins mas que, surpreendemente, é adorado por todos que trabalham na sua firma. Desculpem mas aquilo não é uma firma... É um autêntico circo sem regras que enriquece através da venda de acções.


Não se enganem. DiCaprio não carrega o filme às costas. Jonah Hill, Matthew MaConaughey e Margot Robbie juntam-se à festa e criam um ambiente de folia digno de uma bad trip. É capaz de ser o filme mais divertido da carreira destes nomes. Nem parece que o filme foi realizado por um Senhor com 71 anos. É mesmo díficil de acreditar porque a acção parece ser retirada de um sonho depravado de um adolescente. Os diálogos estão geniais e não têm medo de usar palavras feias, a música actua como uma autêntica bebida energética e impede que o espectador se atreva a desviar o olhar do ecrã. Para além disto, o personagem de Dicaprio quebra constantemente a fourth wall (a barreira entre o personagem e o espectador, um pouco como Deadpool faz nas B.D's) e proporciona-nos momentos inteligentes, onde o próprio questiona a sanidade mental de Jordan.

"Wolf of Wall Street" é um filme cru e hilariante. Os diálogos abusam do uso da palavra fuck, os planos são atrevidos e sensuais, o filme tá carregado de nudez e cenas controversas mas é a a viagem mais alucinante de DiCaprio desde "Catch me if you Can" que eleva a acção. Podemos comparar facilmente esta película ao intemporal "Goodfellas" do mesmo realizador e isso é o maior elogio que podemos dar este festival de luxo.

Este filme merece um brinde e um espaço na vossa estante.

9,5/10



domingo, 12 de janeiro de 2014

[Música] Trent Reznor – In and Out of NIИ

Quando se ouve Nine Inch Nails (NIИ) pela primeira vez é como se alguém nos tivesse dado um soco no estômago, tivéssemos uma arma apontada à cabeça e durante alguns minutos existisse uma película à frente dos nossos olhos que nos forçasse a ver desfocado e a não conseguir determinar tempo, espaço ou o que comemos ao pequeno-almoço. Quer se venere ou odeie, é impossível ser-se indiferente ao fenómeno Trent Reznor.

Reznor é um produtor, compositor, cantor e multi-instrumentista americano (dêem-lhe um desconto, o coitado não teve culpa de nascer na Pensilvânia) mais conhecido por ser o único membro oficial da banda de rock industrial, you’ve guessed it, Nine Inch Nails. Com os NIИ, Reznor não só levou o rock industrial às massas, como acrescentou um lado melódico e humano a um género que, como o próprio nome indica, se foca no mecânico. Usando apenas uma palavra para descrever NIИ – ou, para todos os efeitos, descrever o seu líder –, essa palavra seria sem dúvida exploração. Esta é uma preocupação visível em qualquer projecto de Reznor, onde existe uma constante sede pela descoberta de novos sons e pela oscilação entre uma panóplia de temas - sociopolíticos (de que são exemplos ‘Capital G’ e ‘The Hand That Feeds’), religiosos (‘Terrible Lie’), catarse emocional (‘Something I Can Never Have’) e agressividade pura (‘March of the Pigs).

Os seus álbuns são portanto sempre bastante conceptuais (s’faz favor de não confundir com a ‘conceptualidade’ da Lady Gaga) e nos concertos que faz com a banda acrescenta sempre elementos visuais e performances complexas que muitas vezes culminam na destruição dos instrumentos por parte dos integrantes.


NIИ - Capital G


Em 2009, Reznor decide afastar-se deste projecto para se dedicar a outros, entre eles ‘How to Destroy Angels’, com a sua mulher Mariqueen Maandig. Alia-se simultaneamente a Atticus Ross (com quem havia já trabalhado na produção de vários álbuns dos NIИ, a destacar ‘Ghosts I-IV’ lançado em 2008) para criar a banda sonora do filme ‘The Social Network’ de David Fincher, na segunda metade de 2010. 
Este torna-se um momento importante na carreira de Reznor pois vem dar-lhe notoriedade e cimentá-lo como um dos melhores músicos e produtores da sua geração, não só dentro do universo musical, mas cinematográfico também, apresentando-o a um vasto público novo. 

As músicas são aparentemente mais minimalistas e melódicas, quando as comparamos com o que Trent nos habituou com os NIИ, pois há um uso muito maior do piano e a ausência de voz é óbvia; no entanto, não só essa ausência é ilusória pois, na realidade, não retira mas só acrescenta carga emocional, como há aqui a continuação de uma ideia já transmitida com Nine Inch Nails – que é possível uma interacção frutífera entre a máquina e o homem, entre a tecnologia e a fragilidade humana. Há aqui tanto de simplicidade e fragilidade como de complexidade e agressividade – se numa música como ‘Hand Covers Bruise’ a ênfase está no piano e o que sentimos é vulnerabilidade, em ‘A Familiar Taste’ já o foco está nos riffs de guitarra eléctrica, na distorção e no caos.

Trent Reznor and Atticus Ross - A Familiar Taste

Músicas como ‘3:14 Every Night’ parecem mesmo despidas de qualquer tipo de carga emotiva, aparentando quase algo feito por máquinas para máquinas, mas que vem por isso mesmo acrescentar algo inovador e criativo.

Toda esta interacção entre o suave e o agressivo, entre o humano e tecnológico é algo que muitos não conseguem compreender, muito menos criar de forma interessante e inovadora, tenho que dar bastante crédito ao Treznor e ao Atticus Ross por isso. Segundo Reznor: ‘Musically, this all came out of our secret laboratory - electronic in basis, but mostly organic sounding. Lots of experiments and emphasis on sound fraying around the edges while focusing on the proper emotional tone for the various scenes.’

Não só cumpre o seu o seu objectivo de nos agarrar ao ecrã – aliado claro à genialidade de Fincher e ao fantástico desempenho de Jesse Eisenberg (que não podia ter um nome mais épico – cof cof só falta o H), - como vem, de facto acrescentar algo à nossa existência. Para mim não basta ver o filme, não basta ouvir esta compilação aliada às cenas que, é verdade, também lhe dão grande parte da carga emocional, mas é preciso também ir procurar somente a música e voltar a ouvi-la, de preferência à noite e num ambiente escuro (para efeito dramático).

Destaco ainda, ‘in Motion’, a música mais comprida da compilação e também uma das mais interessantes por ser o exemplo perfeito do que Reznor faz chegar até nós – sons fortemente electrónicos que facilmente despertam emoções.

Trent Reznor and Atticus Ross - In motion

Entretanto, o ‘mestre’ foi novamente convidado pelo realizador David Fincher para criar uma banda sonora, desta vez para o filme ‘The Girl With the Dragon Tattoo’, em 2011. Reznor e Atticus Ross deram-nos mais daquilo a que já estamos habituados, intercalando desta vez os seus originais com duas covers – sendo a mais pertinente a cover da ‘Immigrant Song’ dos Led Zeppelin, que estes adaptaram ao seu estilo mais mecânico e electrónico, tendo a colaboração de Karen O da banda ‘Yeah Yeah Yeahs’ na voz.

Karen O with Trent Reznor and Atticus Ross - Immigrant Song

Para finalizar a minha adoração pelo homem, deixo só um cheirinho ao álbum novo dos NIИ, projecto ao qual ele regressou em 2013 com o álbum ‘Hesitations Marks’. Alguns estavam cépticos ao regresso de Reznor, e sinceramente muitos foram os que ficaram desiludidos com o álbum, por ser um álbum mais melódico, até mais comercial que o habitual, resultado talvez de um bocadinho de falta de ambição, por falta da tal sede do novo som e dos novos temas a que ele mesmo nos habituou. Peca um pouco por isso, sem dúvida. No entanto a sua base electrónica e industrial está lá, assim como as opiniões fortes. Não é o seu melhor álbum, de todo, mas mesmo assim fica acima de muitos dos álbuns que apareceram por aí em 2013.

NIИ - All Time Low

Especial - Melhores Filmes de 2013

Pela primeira vez no blog, decidimos recordar o melhor de 2013 numa espécie de lista onde reina a preferência pessoal em detrimento de sites especializados (IMDB, RottenTomatoes, Metacritic) e a opinião dos críticos mais influentes. (Aviso: A lista não tem uma ordem específica)

P.S - Infelizmente não consegui ver Inside Llewyn Davis (A Propósito de Llewyn Davis) dos irmãos Coen.


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Jagten/A Caça de Thomas Vinterberg



"Após um duro divórcio, Lucas, de 40 anos, tem uma nova namorada, um novo emprego e está a conseguir reestabelecer os laços com o filho adolescente, Marcus. De repente, é o caos. Um pequeno comentário. Uma mentira ao acaso.

Quando a neve cai e as luzes de Natal se acendem, o boato já se espalhou como um vírus invisível. O choque e a desconfiança ficam fora de controlo e a pequena comunidade entra num súbito estado de histeria, enquanto Lucas inicia um combate solitário pela dignidade e pela vida."

A Caça é uma obra cinematográfica brilhante, poderosa e realista que demonstra o poder cru de uma mentira na sociedade. Thomas Vinterberg não tem medo de inquietar o espectador, retratando a crueldade dos seres humanos face a temas polémicos e permite que Madds Mikkelsen alcance uma das grandes interpretações da sua carreira. Sublime em todos os aspectos.

Prisoners (Raptadas) de Dennis Villeneuve



"Keller Dover (Hugh Jackman) é um carpinteiro que vive pacatamente numa pequena cidade quando a filha e a melhor amiga desaparecem. A polícia não consegue descobrir o paradadeiro das duas adolescentes e Keller decide raptar o homem que considera o principal suspeito. No caminho vai cruzar-se com o detetive Loki (Jake Gyllhenhaal) destacado para o caso."

Raptadas é um thriller tenso e extremamente rico em questões morais que torna as acções dos personagens em verdadeiros actos questionáveis. Arrisco-me a dizer que é um dos filhos que resulta da junção do Se7en com o Silêncio dos Inocentes.

Place Beyond the Pines (Como um Trovão) de Derek Cianfrance


"Luke (Ryan Gosling de "Drive" e "Os Idos de Março") ganha a vida a viajar de cidade em cidade, a fazer proezas em cima de uma moto. Ao passar pela pequena localidade de Schenectady, tenta retomar o contacto com uma antiga amante, Romina (Eva Mendes), apenas para descobrir que, no tempo em que estiveram separados, ela teve Jason, o filho de ambos. Luke decide deixar a vida na estrada e arranja um emprego como mecânico que lhe permita sustentar a sua nova família. O seu patrão Robin (Ben Mendelsohn) descobre os talentos de Luke como motociclista e propõe-lhe que se dediquem a assaltar bancos."

Uma teia de vários enredos que se cruzam devido a uma decisão imprudente de um dos personagens. É um filme com uma cinematografia excepcional apoiado por um elenco de luxo que nunca menospreza ninguém. Uma "jóia" que passou despercebida a muita gente.

Django Unchained (Django Libertado) de Quentin Tarantino



"No Sul dos Estados Unidos da América, dois anos antes da Guerra Civil, Django (Jamie Foxx) é um escravo com um passado de violência às mãos dos seus proprietários. O Dr. King Schultz (Christoph Waltz), um caçador de prémios de origem alemã precisa da ajuda de Django para capturar os perigosos irmãos Brittle e compra-o com a promessa de o libertar assim que receber o dinheiro pela captura dos criminosos. No entanto, após o sucesso da missão, os dois decidem não se separar. Schultz torna-se mentor de Django e os dois percorrem o Sul perseguindo os fora da lei. Mas Django só tem um objetivo em mente: salvar a sua mulher, Broomhilda (Kerry Washington)."

Tarantino imprime a sua marca com muita polémica (o prato do dia) num Western espectacular.

La Vie d'Adèle: Chapitres 1 et 2 (A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2) de Abdellatif Kechiche


"Aos 15 anos, Adèle tem duas certezas: é uma menina, e uma menina sai com os meninos. Mas no dia em que vê o cabelo azul de Emma, na praça principal, ela sente que sua vida vai mudar. Sozinha com seus problemas de adolescente, ela transforma o olhar sobre si mesmo e o modo como os outros olham para ele. Graças ao seu amor por Emma, ​​ela amadurece enquanto mulher e adulta. Mas Adèle não é capaz de fazer as pazes, nem com os seus pais, nem com este mundo cheio de morais absurdas, nem consigo própria."

Extremamente erótico, controverso e belo.

The Master (O Mentor) de Paul Thomas Anderson



"Nos anos 50, um intelectual carismático (Philip Seymour Hoffman) lança uma nova organização religiosa. Conhecido como "O Mestre", transforma um jovem vagabundo (Joaquin Phoenix) no seu braço direito. Mas à medida que a igreja começa a ganhar seguidores e peso nos EUA, o jovem começa a questionar a crença que abraçou e a duvidar do seu mentor."

Paul Thomas Anderson continua a dividir opiniões, como já é habitual, mas é quase impossível não apreciar esta película. Fantástico.

Frances Ha de Noah Baumbach



"Frances vive em Nova Iorque, mas não tem apartamento. Estuda numa companhia de dança, mas não é bailarina. A sua melhor amiga é Sophie, mas as duas não se falam. Frances atira-se de cabeça em perseguição dos seus sonhos, mesmo quando a possibilidade de alguma vez se concretizarem diminui a cada segundo."

Uma pequena pérola a preto e branco.

Only God Forgives (Só Deus Perdoa) de Nicholas Windingn Refn



"Julien (Ryan Gosling) gere um clube de boxe tailandês em Banguecoque como fachada para um negócio familiar de contrabando de droga, quando a sua mãe Jenna (Kristin Scott Thomas) o obriga a perseguir e matar o responsável pelo recente assassinato do irmão."

Uma longa-metragem artística e difícil de digerir bem ao estilo de Refn.

Trance (Transe) de Danny Boyle




"Simon (James McAvoy), um leiloeiro de arte, junta-se a um grupo de criminosos para roubar uma obra de arte no valor de milhões de dólares, mas, depois de sofrer uma pancada na cabeça durante o assalto, acorda para descobrir que não tem nenhuma memória sobre onde escondeu a pintura. Quando as ameaças físicas e tortura não produzem respostas, o líder do grupo Franck (Vincent Cassel) contrata a hipnoterapeuta Elizabeth Lamb (Rosario Dawson) para explorar os recantos mais sombrios da mente de Simon.
Conforme ela penetra no seu subconsciente , os riscos tornam-se mais elevados e as fronteiras entre realidade, desejo e sugestão hipnótica começam a diluir-se e desaparecem."

Uma viagem alucinante de Danny Boyle. Prevísivel mas merece os 101 minutos.

About Time (Dá tempo ao tempo) de Richard Curtis



"Após uma festa de Ano Novo pouco interessante, o jovem Tim Lake descobre que consegue viajar no tempo. Tim não tem o poder de alterar a história, mas consegue conduzir o que sucede na sua vida. Por isso, decide arranjar uma namorada. Infelizmente, o romance com recurso a viagens no tempo é tão complicado como parece..."

O realizador Richard Curtis regressa ao grande ecrã com Dá Tempo ao Tempo, uma comédia romântica sobre viagens no tempo que acaba por se tornar numa grande lição de moral. Um filme inteligente que tenta quebrar os clichés das comédias românticas. O que começa por ser apenas mais uma história de amor, acaba por se tornar numa lição de vida e numa grande narrativa familiar. 

Silver Linings Playbook (Guia para um final feliz) de David O. Russell



"Após ter passado oito meses num hospital para doentes mentais, um antigo professor volta a viver em casa da mãe, enquanto tenta reconciliar-se com a ex-mulher. Pat Solatano (Bradley Cooper) perdeu tudo - a casa, o emprego, a mulher. Está determinado a reconstruir a vida, ser positivo e fazer as pazes com a mulher. É então que conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), que enviuvou recentemente. Tiffany oferece-se para ajudá-lo a retomar a ligação com a mulher, mas pede algo em troca."

Triple Threat: Cómico, inteligente e dramático. Ganha protagonismo com a cumplicidade entre Jennifer Lawrence e Bradley Cooper.

A Gaiola Dourada de Rúben Alves


"José e Maria Ribeiro (Joaquim de Almeida e Rita Blanco) residem em Paris há 30 anos sem nunca esquecer a ternura de Portugal. Estão tão integrados na sociedade que, no dia em que surge a possibilidade de concretizarem o sonho das suas vidas - regressar a Portugal, ninguém os quer deixar partir. Até onde serão capazes de ir a sua família, os seus amigos e vizinhos e, até mesmo, os patrões, para não os deixarem partir?"

A cultura Portuguesa está muito bem representada neste filme. Temos futebol (Benfica e Selecção Nacional estão em todo o lado!) , o célebre bacalhau, os palavrões em excesso (que arrancam muitas gargalhadas), os estereótipos mais conhecidos - como os cuscos lá da terrinha ou os preguiçosos que ficam o dia todo no sofá a beber cerveja, e o fado. Tudo isto, aliado ao tema principal da história, cria um ambiente acolhedor para o espectador. Facilmente se consegue identificar as personagens na nossa família. É um retrato perfeito.

Pacific Rim de Guilermo del Toro



"Durante anos, pensámos que a ameaça extraterrestre viria do espaço, mas acabou por surgir do interior da própria Terra. Legiões de criaturas monstruosas, conhecidas como Kaiju surgiram do mar e iniciaram vários ataques demolidores às maiores metrópoles do planeta.  Começa então uma guerra que tira milhões de vidas e consome os recursos da Humanidade por vários anos.

Para combater os invasores é criado um novo tipo de arma: gigantescos robots designados como Jaegers e controlados simultaneamente por dois pilotos."

Não esperem um grande enredo nem performances magníficas. Pacific Rim resume-se em Godzillas contra Transformers no meio do mar mas destaca-se pela forma como demonstra os confrontos épicos e pela versatilidade de Guillermo del Toro. Quase perfeito a nível técnico.

42 de Brian Helgeland
 

"A história de Jackie Robinson, o lendário jogador de basebol que se tornou no primeiro negro a fazer parte de uma equipa da Major League ao integrar o plantel dos Brooklyn Dodges."

Destaco o regresso de Harrison Ford, que finalmente volta a interpretar uma personagem com relevo e carisma num dos melhores filmes de desporto dos últimos anos.

World's End (É o fim do Mundo) de Edgar Wright



"Duas décadas após uma épica corrida pelos bares, cinco amigos de infãncia reúnem-se para reeditar o acontecimento. Desta vez, o objetivo é chegar a um mítico pub chamado The World's End.

Enquanto discutem memórias do passado e os problemas do presente, apercebem-se de que estão envolvidos numa inesperada luta para salvar a humanidade."

A conclusão da Trilogia Cornetto. Simon Pegg e Nick Frost continuam fantásticos, o elenco secundário está recheado de nomes sonantes e até existe tempo para uma homenagem ao filme Invasion of the Body Snatchers.

Tian Zhu Ding (China - Um Toque de Pecado) de Zhang Ke Jia



"Quatro pessoas, quatro províncias. Uma reflexão sobre a China contemporânea: um gigante económico que lentamente vai sendo minado pela violência."

Um retrato absorvente. Ver para crer.

Blue Jasmine de Woody Allen



"Uma mulher (Cate Blanchett) muda-se de Nova Iorque para São Francisco para restabelecer a normalidade na sua vida após um processo de divórcio atribulado."

O magnífico regresso de Woody Allen ao grande ecrã apoiado pela tenacidade assombrosa de Cate Blanchet.

Fast & Furious 6 (Velocidade Furiosa 6) de Justin Lin



"O grupo de Dom (Vin Diesel) e Brian (Paul Walker), espalhou-se pelo globo após o golpe no Rio de Janeiro que rendeu 100 milhões de dólares. Mas a impossibilidade de regressar a casa e o facto de estarem sempre em fuga deixa-os com uma amarga sensação.

Entretanto, Hobbs (Dwayne Johnson) persegue uma organização de mortíferos condutores mercenários por 12 países."

Sabemos que as peripécias desta franchise são impossíveis de fazer na vida real mas Justin Lin aproveita-se desse facto e cria uma fita ridiculamente estonteante. O cinema também precisa disto.

Captain Philips (Capitão Philips) de Paul Greengrass



"Baseado na história real do Capitão Richard Phillips (Tom Hanks) e da tomada do navio cargueiro norte-americano MV Maersk Alabama por piratas somalis, em 2009, o primeiro assalto a um navio de carga em 200 anos.

O filme foca-se, principalmente, na relação entre o comandante do navio e Muse (Barkhad Abdi), o chefe dos piratas que o faz refém.

Numa tensa viagem ao largo da costa da Somália, os dois homens vão ver-se perante forças e acontecimentos que não conseguem controlar."

Facilmente comparado a um documentário televisivo, Captain Philips é uma longa-metragem que deve muito à prestação inesquecível de Tom Hanks.

Lore de Cate Shortland 



"Primavera de 1945. A resistência alemã colapsa e as forças Aliadas avançam.

Após a prisão do seus pais por ligações ao nazismo, Lore leva os irmãos numa viagem através da Alemanha devastada pela guerra.

Entre o caos encontram Thomas, um misterioso refugiado judeu. Para viver, Lore terá agora de confiar numa pessoa que foi ensinada a odiar."

Uma película extremamente depressiva e perturbadora sobre o Nazismo. 

The Hobbit: The Desolation of Smaug (O Hobbit: A Desolação de Smaug) de Peter Jackson




"O segundo capítulo da trilogia de Hobbit continua as aventuras de Bilbo Baggins e companhia que procuram reconquistar a Montanha Solitária e o reino perdido de Erebor."

Outro épico de Peter Jackson sobre o mundo criado por Tolkien. Nota-se uma melhoria em relação ao filme anterior mas percebe-se também que a fórmula está a começar a ficar gasta. Esperemos que o capítulo final encerre a trilogia com chave de Ouro.