sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

[FILME] High Fidelity (2000)


Será fácil descrever High Fidelity como a história de Rob Gordon (John Cusack), o dono de uma loja de discos que é obcecado por fazer listas que variam desde o top 5 do final de relações que o magoaram até ao seu top de discos preferidos. Posto isto, é realmente simples explicar do que se trata durante quase duas horas: música e relações amorosas, um homem que tenta entender porque correram mal as coisas e percebe que por viver demasiado tempo a tentar explicar o passado nunca encarou o futuro ou até o presente. Um homem que enfrenta uma crise dos 30 ou, como é referido por uma das personagens, uma “crise existencial”.

O facto do filme não se pegar ao óbvio de ser apenas uma longa-metragem sobre música, bandas, os meus e os teus discos preferidos, torna-o diferente, bonito e mais real do que um fantasioso School of Rock (onde há em comum Jack Black, que é nesta película um dos empregados da loja de discos de Rob, a Championship Vinyl). Aqui discutem-se problemas e pensamentos que afectam o homem comum ao mesmo tempo que se argumenta se é aceitável ouvir Belle and Sebastian.


Como seria expectável, um dos pontos mais agradáveis de High Fidelity é a sua banda sonora romântica, alegre, melancólica e até pesada em alguns momentos. Ouvimos The Velvet Underground, Bob Dylan, Al Green, Peter Frampton, uma recém-nascida banda de dois rapazes skaters que costumavam roubar discos na loja de Rob e até, como não poderia deixar de ser, Jack Black, que interpreta Let's Get It On, do falecido Marvin Gaye.

John Cusack é uma grande e óbvia escolha para o papel. Simples e honesto com a câmara (está constantemente a dirigir-se ao espectador), facilmente nos faz sentir uma ligação com o seu personagem, seja por nos identificarmos com ele como um ser perdido no meio da sua própria vida, por sentirmos pena pelos seus sucessivos fracassos amorosos ou até por acharmos que Rob tem um gosto musical fantástico.

Em suma, High Fidelity não cai num buraco demasiado lamechas com uma banda sonora fofinha, sendo que consegue ser bastante agradável e leve. Não é muito profundo nem levanta grandes questões mas nem me parece que fosse esse o objectivo. A apontar um público-alvo para este filme escolheria qualquer pessoa que, estando ou não sozinha/deprimida/dumped, sabe que precisa de boa música e de um ambiente culturalmente rico para poder ser. High Fidelity está dentro desse ambiente. 

8/10

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